Há 51 anos, Marilyn Monroe pegou no telefone.
Quis falar com alguém que não atendeu, ou se atendeu,
pousou o auscultador no descanso, lentamente…
Suicidou-se com uma overdose de barbitúricos.
Ou mataram-na… simplesmente…
O
que hoje me interpela na Marilyn é o seu desajustamento em face da realidade.
Vejo-a sempre inadaptada, como nesse último filme inesquecível, a preto e
branco, no deserto do Nevada – The
Misfits. E imagino-a na fase final da
vida, já separada do Arthur Miller, sozinha na sua casa de Brentwood, a deambular
pelo quarto ou pelo jardim enquanto ia tomando comprimidos para a ajudarem a
vencer o medo – não o medo de nenhum objecto definido, de nenhuma pessoa em
especial, de nenhuma ameaça concreta, mas sim um medo mais profundo e sem
remédio, um pânico sem nome, esse medo que nenhum consegue dissipar. Talvez o
próprio medo de viver, que é o pior de todos.
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