Como prenda de casamento o Helder Pinho deu-nos três
EPs: Masschussets dos Bees Gees, Baladas do Dr. José Afonso e Rosa de Sangue do Adriano Correia de Oliveira.
Neste último, o Adriano incluiu um poema de Urbano
Tavares Rodrigues: Margem Sul.
Quando os amigos, as pessoas de quem gostamos, chegam a uma certa idade, estamos sempre à
espera que num qualquer dia partam.
Mas por muito que se aplaine o caminho, nunca
estamos preparados para essa partida.
A morte de Urbano Tavares Rodrigues deixou-me muito
triste.
Pela pessoa delicada, sensível que era, pelo
escritor que é.
Gosto muito de o ler.
Este é o poema Margem Sul, cantado pelo Adriano Correia de Oliveira:
Ó Alentejo dos pobres,
reino da desolação,
não sirvas quem te despreza,
é tua a tua nação.
Não vás a terras alheias
lançar sementes de morte.
É na terra do teu pão
que se joga a tua sorte.
Terra sangrenta de Serpa,
terra morena de Moura,
vilas de angústia em botão,
doce raiva em Baleizão.
Ó margem esquerda do Verão
mais quente de Portugal,
margem esquerda deste amor
feito de fome e de sal.
A foice dos teus ceifeiros
trago no peito gravada,
ó minha terra morena
como bandeira sonhada.
Terra sangrenta de Serpa,
terra morena de Moura,
vilas de angústia em botão,
doce raiva em Baleizão.
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