SARAMAGUEANDO
Em O Prémio o detective Pepe Carvalho, quinze anos depois,
volta a encontrar Carmela em Madrid.
Carvalho recordou as instruções dos comunistas que o
receberam noa aeroporto: “Entra naquela cafetaria e verás uma moça sentadad a
ler o Diário 16. Apresenta-te e ela vai-te acompanhar”. A rapariga
entremeava boicadinhos de churro com um café pingado. Tinha as pernas bonitas
embora magras e a franja permitia-lhe começar a cara com dois olhos
esplêndidos, patéticos como a sua delgadez à Audrey Hepburn, sublinhada por um
fato negro e lilás. Agora as pernas continuavam bonitas, embora mais carnudas,
dentro das meias negras e transparentes. A fronte estava agora livre, muito
alta e já não impunha a presença dos olhos, sempre bonitos e ainda que
carregados por umas olheiras mais marcadas, mas que, talvez, pelas
circunstâncias continuavam a ser patéticas.
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