domingo, 15 de setembro de 2013

TARDES DE DOMINGO


O ex-árbitro internacional Veiga Trigo numa entrevista ao jornal I:

Tenho saudades dos jogos às 3 da tarde. Tenho saudades do adepto do garrafão de vinho, com broa e presunto. Comiam, bebiam e entravam lá dentro para fazer a festa. Hoje não, há claques organizadas.

O Zé Gomes Ferreira declarou um dia que, saudades só do futuro, mas há tempos em que gostava de voltar lá atrás.

As tardes de domingo, os jogos do campeonato nacional a começarem todos à mesma hora, às três da tarde, os relatos na Emissora Nacional, as marchas do John Philip de Sousa, enquanto de aguardava a ligação ao estádio, o Artur Agostinho, o Amadeu José de Freitas e era transmitido apenas um relato, mais tarde passaram a dois e ouvia-se  atenção Nuno, jogada perigosa.

Depois aguardava-se um quilómetro de tempo, até que os correspondentes, por telefone, dissessem os resultados.

A época futebolística não começava em Julho, mandava-se para o meio de Setembro.
Em 1968 começou no dia 15 de Setembro.

O Benfica jogou na Luz contra o Belenenses ganhou por uma bola a zero, golo de Torres, que, por sinal, foi o primeiro golo da época 1968/69, vitória justa mas a exibição não correspondeu à expectativa.

Em Alvalade o Sporting venceu o Varzim por cinco a zero, no Lavradio a CUF ganhou à Sanjoanense por três a zero, a Académica venceu o Vitória de Setúbal por duas bolas a uma, o Atlético empatava em Tomar com o União, também um empate em Guimarães entre o Vitória e o Leixões, enquanto que nas Antas o Porto batia o Braga por uma bola a zero.

Rashid: é a primeira casa que vejo sem televisão.
Paul : Já tive uma, mas estragou-se aqui há uns anos e nunca me decidi a substituí-la. De qualquer das maneiras, prefiro não ter nenhuma. Odeio essas porcarias.
Rashid: Mas assim não pode ver os jogos. Disse-me que era fã dos Mets
Paul: Ouço pela rádio. Assim consigo ver muito bem os jogos. O mundo está na nossa cabeça, lembras-te?


Paul Auster em Smoke, Difusão Cultural Maio de 1996

Legenda: o golo de José Torres contra o Belenenses.




2 comentários:

ié-ié disse...

E o placard do Totobola?

LPA

sammypaquete disse...

Estas memórias remetem para antes da criação do Totobola, Setembro de 1961.
Sempre direi que, eu e o meu avô, saíamos do Estádio da Luz, apanhávamos o eléctrico em Carnide para os Restauradores e íamos até ao Rossio, olhar os resultados que eram colocados, escritos à mão em papel pardo, à porta da Livraria de O Século.
Depois íamos até à Tendinha comer uma sandes de presunto com naco de gordura como se impõe, hoje o presunto é plastificado e nem gordura tem. O meu avô meio copinho de branco eu uma gasosa, mas mesmo gasosa de Pizões Moura o castelinho em azul. o da água ainda é em vermelho, e gasosa já, há muitos anos, que não fazem.
Mas a ida à Tendinha só acontecia se o Benfica ganhasse. Mesmo o empate já era considerado derrota e ala directos para casa.