terça-feira, 24 de setembro de 2013

POSTAIS SEM SELO


Para um amigo tenho sempre um relógio
esquecido em qualquer fundo de algibeira.
Mas esse relógio não marca o tempo inútil.
São restos de tabaco e de ternura rápida.
É um arco-íris de sombra, quente e trémulo.
É um copo de vinho com o meu sangue e o sol.


António Ramos Rosa de O Grito Claro em Não Posso Adiar o Coração, Plátano Editora, Lisboa Junho de 1974.

Legenda: pintura de  Leonid Afremov.

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