Nenhum jornal colocou
na 1ªpágina a passagem dos 50 anos sobre o dia em que, Humberto Delgado, caindo
numa cilada, morre, juntamente com a sua secretária Arajaryr Campos, perto de Badajoz, às mãos de uma brigada da PIDE chefiada por Rosa Casaco.
O Público nem
nas páginas interiores refere a efeméride.
O jornalismo
português é assim.
Os 30 anos de
carreira de Cristiano Ronaldo são muito mais importantes porque vendem papel,
de Humberto Delgado muitos portugueses nem sequer sabem quem foi.
Luís Osório, em editorial
no jornal i, abordando a intenção de baptizar o Aeroporto da Portela com
o nome de Humberto Delgado, escreve:
Humberto Delgado assustava Salazar por não ser um
democrata, mas sim um militar. Um militar que acreditava nalguns princípios
semelhantes aos do Estado Novo. Era um homem da ordem. Ajudou na juventude a
implementar a ditadura contra os republicanos. Foi anticomunista uma grande
parte da sua vida. Apoiou Hitler quase até ao fim da Segunda Guerra Mundial.
Foi mais radical que o próprio Salazar durante vários anos.
Delgado mudou a sua cabeça nos anos que viveu nos
Estados Unidos, onde desempenhou funções de adido militar na embaixada
portuguesa em Washington e na NATO. Há quem diga que teve ligações à CIA.
O que fui lendo
sobre Delgado merece a observação que, acima de tudo, se tratava de um militar,
mas um militar, como a esmagadora maioria, sem qualquer formação política, sem
cultura.
Autoritário e de
uma ingenuidade assustadora, que conduziu morte.
Essa ingenuidade,
que um certo sector da oposição não conseguiu destrinçar, levou a uma série de
dramáticos episódios que dificultaram – e muito - a luta contra a ditadura de Salazar.
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