Estava eu a dar uma mija com o Bobby Keys em
Innsbruck, depois de um concerto – altura em que o Bobby se costumava sair com
umas bocas divertidas. Mas desta vez via-o bastante sério. Até que me diz:
«Tenho uma má notícia para te dar… O Gram Parsons morreu.» Foi como um pontapé
no plexo solar. Olhei para ele. O Gram, morto? Eu achava que ele até limpo
tinha ficado, que estava tudo a correr bem, «Não conheço os pormenores. Só sei
que morreu.» Foda-se. Nunca sabes como é que uma coisa destas te vai afectar. O
choque nunca vem de uma vez só. Mais um adeus a mais um bom amigo.
Soubemos mais tarde que o Gram esteve limpo até se
deixar levar outra vez. Tomou uma dose normal. «É só uma dose…» Mas depois da
cura o corpo tinha perdido resistência e foi quanto bastou. É o erro fatal dos
agarrados. O processo de desintoxicação já é um choque em si mesmo. Depois
pensam: «É só um chuto pequeno», quando na verdade estão a tomar a mesma dose
que antes, quando tinham o corpo habituado e cheio de resistências – senão nem
a cura era tão dura. É então que o corpo diz: «Que se foda, desisto.» Se não
tens mesmo forças para resistires, então faz o seguinte: lembra-te da
primeiríssima dose que tomaste e tira-lhe um terço.
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