segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

O ANDARILHO DA UTOPIA


Em cada dia olhava o sol que ia nascendo.

De frente.

Sem medos.

Fez cantigas raiva.

Mas não só.

Uma canção sua foi senha de uma revolta que se tornou colectiva.

 Filhos da madrugada que, então, éramos.

Nem todos, diga-se.

Um dia, tempo de embalar a trouxa e zarpar, disse às ribeiras para chorarem que ele não voltaria a cantar.

Disse.

Mas ainda está por aqui.

Sempre.

Entre mim e Urga o deserto que houver.

Disposto a escoicinhar.

Como sempre fez.

Chama-se JoséAfonso.

Também conhecido por Zeca.


Legenda: pormenor da capa As Voltas de Um Andarilho.

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