Em cada dia
olhava o sol que ia nascendo.
De frente.
Sem medos.
Fez cantigas raiva.
Mas não só.
Uma canção sua
foi senha de uma revolta que se tornou colectiva.
Filhos da madrugada que, então, éramos.
Nem todos,
diga-se.
Um dia, tempo de
embalar a trouxa e zarpar, disse às ribeiras para chorarem que ele não voltaria
a cantar.
Disse.
Mas ainda está
por aqui.
Sempre.
Entre mim e Urga o deserto que houver.
Disposto a
escoicinhar.
Como sempre fez.
Chama-se JoséAfonso.
Legenda: pormenor da capa As Voltas de Um Andarilho.
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