As controvérsias com Passos Coelho decorrem sempre de
subprodutos de uma questão maior que fica muitas vezes oculta: a natureza dos
"empregos" que tinha, as formas de remuneração, as empresas em que
trabalhava e a sua especial relação com o poder político, a natureza dos
empregadores e o modo como funcionava este "sistema", como já
acontecera na Tecnoforma. É possível que a maioria das coisas que se passavam
(e passam) nesse mundo de negócios encostados ao poder político nacional ou
autárquico, sempre em modo de "bloco central", sejam legais numa base
de interpretação estrita da lei, ou pelo menos da lei à época.
Mas é aqui e daqui que surgem as "redes" de
que falava a procuradora-geral da República numa entrevista que só pode
espantar quem queira ser "espantado". Não estou a implicar o
primeiro-ministro em nada, mas a implicar o "meio" em que esteve
envolvido, como aliás muitos políticos em ascensão numa determinada época,
porque "o meio", esse sim representa um problema. Um problema que tem
sempre um aspecto cívico (o tal que na interpretação de Pina Moura e de Miguel
Relvas não era atingido pela "ética republicana"), mesmo quando não
tenha um aspecto criminal (que o "meio" favorece).
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