Um livro organizado,
por Manuel Costa Silva, para Lisboa 94 Capital Europeia da Cultura.
Das palavras
introdutórias
Graças às histórias e aos mitos do cinema, os filmes
deram-nos a conhecer inúmeras cidades, a sua geografia, a sua arquitectura, o
seu retrato imaginário o o seu verdadeiro rosto.
O binómio cidade/Cinema tem muitas leituras. Essa
relação consegue transformar a cidade em protagonista, quer dizer incorporando
a ventura humana, as personagens e os seus estados de alma.
A cidade pode ser cenário activo ou pode existir como
um elemento passivo que favorece no mistério de uma história.
Lisboa a 24 Imagens é uma recolha de textos inéditos
que pretende dar a ver a inscrição desta cidade nas histórias que os filmes
contaram.
Textos de gente
vária como João Bénard da Costa, Mário Castrim, Álvaro Guerra, Antonio
Tabucchi, David Mourão-Ferreira, José Cardoso Pires, Mário Zambujal, Urbano
tavares Rodrigues, Fernando Lopes, Jorge Silva Melo, José Fonseca e Costa, Lauro
António, Monique Rutler, Joaquim leitão, Paulo Rocha, outros mais.
Pelo livro
encontramos memórias dispersas, cartazes, revistas e folhetos que fizeram a
história da cidade no cinema.
Cento e quatorze
filmes nacionais e estrangeiros tiveram Lisboa como cenário ou apenas como nome
mencionado, ou fonte de inspiração.
O último, e
doloroso, capítulo do livro fala-nos dos cinemas desaparecidos, mortos e
moribundos.
Estão lá o Eden,
o Salão Lisboa, o Paris, o Jardim Cinema, o Royal,
o Politeama, o Cinearte, o Tivoli, o Odeon, o Capitólio,
o Berna, o Olympia, o Cine Pátria.
De 1994 até aos
dias hoje quantos mais cinemas, tragicamente abatidos, outros a exercerem
outras funções, outros, inexplicavelmente, abandonados, degradando-se em cada
dia que passa?
O nosso adeus
aos Cinemas Paraíso de tantas infâncias e adolescências.
Joaquim Leitão, no capítulo das Visões da Cidade, conta esta Pequena História Inspirada em Factos Verídicos:
Lembro-me, como se fosse hoje, da última vez em que me
senti completamente feliz.
Foi em Lisboa. Num domingo ao fim da manhã, em maio.
Ia a descer a Rua Morais Soares, pelo passeio onde dava o sol.
Lembro-me perfeitamente. Não aconteceu nada de
especial.
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