Falei da
minha ida ao estaminé do Potes na Feira da Ladra, onde comprei LPs do Elvis ao
preço da uva mijona, falei de que para além disso ele me ofereceu uns
exemplares da Colecção Cinema dos
tempos da minha adolescência, mas não coloquei esses exemplares.
Estão aqui:
Balada Sangrenta, filme de Michael
Curtiz, com o Elvis e Sangue Toureiro,
filme de Augusto Fraga, com Amália Rodrigues e o toureiro Diamantino Viseu
Através
destes livrecos, que custavam 1$50, e saíam às quintas-feiras, eu «vi» todos os
filmes que não podia ver nas salas de cinema.
Mas quinze
tostões já era uma exorbitância, e então alugava-os, por dois tostões, a
velhote que, num vão de escada da Almirante Reis, com estes e outros alugueres,
para além da venda de livros em 2ª mão, completava a reforma de miséria.
Levava de
casa uma marmita com o almoço e ali passou o resto dos dias da sua vida.
Uma simpatia
de velhote, levava de casa marmita com o almoço, e ali passou o resto dos dias
da sua pouco feliz vida.
Lamentavelmente, não consigo lembrar o nome.
A
novelização de Balada Sangrenta foi feita por Vasco Santos e termina assim:
A vida seguiu o seu curso. Danny Fisher
voltou a entusiasmar os frequentadores do «King Creole» - entre os quais teve a
satisfação de ver o reconciliado progenitor… Tornou também a ver a doce Nellie.
A essa pediu-lhe para esperar… Ela compreensiva, anuiu. Esperaria o tempo que
fosse preciso para cicatrizar a ferida que a trágica morte de Ronnie deixara na
alma sensível do seu namorado…
E quem escutava aquele rapaz, que parecia
transpirar ritmo por todos os poros – ora dolente ou vibrante, profundo ou
superficial, cómico ou sentimental – não podia adivinhar que ele interpretava o
ritmo da própria vida, e que, por isso, havia baladas sangrentas no seu
reportório…
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