segunda-feira, 12 de setembro de 2016

POSTAIS SEM SELO


Nas minhas costas, os comboios passam e com eles fantasmas entorpecidos, regressando a casa, depressa, no medo das navalhas e do frio, no medo da noite, sem um estremecimento, sem um rumor, nada que deva à vida o seu lume e a sua raiz. Nem sequer é demência isto que os arrasta para o fim das cidades, é talvez a pequena morte, esta existência vegetal entre o princípio e o fim. Mais para cá, uma febre negra empurra os suicidas para as últimas moradas.

Jorge Agostinho Baptista em Crucificação.

Legenda: pintura de Jean Pierre Gibrat

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