Nas minhas costas, os comboios passam e com
eles fantasmas entorpecidos, regressando a casa, depressa, no medo das navalhas
e do frio, no medo da noite, sem um estremecimento, sem um rumor, nada que deva
à vida o seu lume e a sua raiz. Nem sequer é demência isto que os arrasta para
o fim das cidades, é talvez a pequena morte, esta existência vegetal entre o
princípio e o fim. Mais para cá, uma febre negra empurra os suicidas para as
últimas moradas.
Jorge
Agostinho Baptista em Crucificação.
Legenda:
pintura de Jean Pierre Gibrat
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