quarta-feira, 14 de setembro de 2016

NUMA FRONTE AUSENTE


Terra e noite,
as mãos escavam.
Insistem e desfazem-se
numa fronte ausente.

Na cabeça subsistem
algumas palavras inúteis.

A mão devagar traça
- vai traçar -
uma rede de sinais de que dependo.
A luz descobre o corpo.

Algumas palavras a mais desaparecem.
Neste instante
a pedra é nua. 

António Ramos Rosa em Respirar a Sombra Viva

Sem comentários: