71 Poemas
Eduardo Valente da Fonseca
Selecção de
J.M. da Silva Couto
Campo das
Letras, Porto, Setembro de 2001
Ali adiante no
porto de Leixões
atracam barcos
todas as manhãs.
O sol anda nos
mastros a saborear o longe
assim como quem
passa objectivo e belo.
Um homem que se
encosta ao varandim de um barco
com gestos
estrangeiros nas mãos e no vestir,
um rumor permanente
de ferros e motores,
um trepar
sorrateiro da maré pelas rocas,
um sabor de lonjura
no voo das gaivotas.
… E os barcos vão
chegando ao porto de Leixões.
… E os barcos vão
saindo a barra de Leixões.
Há vozes
estrangeiras no barulho do cais,
gritando livremente
verdades que eles sabem.
Corre um sabor a
mar com navios à mistura
na fuga só mental
dum prisioneiro do cais:
vontade de fugir,
vontade de ficar,
os pés muito
pegados ao chão todo do cais,
os olhos muito
longe de todo o chão do cais…
… E um navio saindo
a barra de Leixões,
e um navio entrando
no porto de Leixões.
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