…Salazar, o
professor de Coimbra, morria em farsa de Parque Mayer, vítima doméstica dos
seus calos, não dizendo coisa com coisa à sua Senhora Maria, durázia, surpreendida
fielmente (contava-se) em combinação, no quarto da clínica. Cada qual seu
destino, devido «fatum», «Shiksal» nacional… Tempo é de o escrever – em respeito
que pelos ditadores não pode haver, sem ódio nem piedade trinta anos de
história decorridos. Pois que seja, nestas memórias, no desprezo que a história
promete em sua moral! Eu encontrava-me em Almoçageme nesses dias, em casa do Fernando
e da Emília Azevedos, com a Mahité, e saímos a ver as pessoas na praça da
aldeia. Como pareciam elas? Olhando-se silenciosas, à volta do coreto, entre
emoção e medo, decerto sinceros ambos, nas águas da mesma história longa,
longamente vivida – sofrida por muitos, lucrada por poucos, inútil para todos.
«Peçonha em água-benta» – dissera Afonso Lopes Vieira.
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