Não é de ontem, não é de hoje, pertence a todo o sempre.
Qualquer poder político, governamental, local, não resiste à tentação do fontismo, das obras de fachada.
Em plena euforia de vacas gordas, um jornalista perguntou a um alto responsável cavaquista como é que iriamos financiar tanta obra pública:
O importante é que as obras estão lá!
Foi nesta loucura desenfreada e irresponsável que batemos no fundo.
Quem da Praça Paiva Couceiro, desce a Avenida Mouzinho de Albuquerque, para chegar aos Caminhos de Ferro, e antes de chegar ao campo do Operário Futebol Clube, se olhar para o lado direito, depara-se com este paredão de cimento, este enorme buraco.
O que hoje se olha, é o que resulta de um projecto megalómano, que já vem dos tempos de João Soares, mas coube a Pedro Santana Lopes lançar, com pompa e circunstância, a primeira pedra.
Ali era para ser construída a nova Biblioteca e Arquivo Central do Município de Lisboa, um edifício de 11 andares, um investimento, números de 2005, calculado em 30 milhões de euros.
Um projecro a que, solenemente, chamaram A Cidade dos Livros junto ao Tejo virada para o Futuro.
Para além da Biblioteca e Arquivo, o projecto englobava uma outra componente cultural, com dois auditórios, uma livraria, galerias de exposições, terraços com esplanadas e um restaurante panorãmico.
Previa-se que a obra ficaria concluída no final do ano de 2008.
Da obra prevista, a única coisa que arrancou foi a escavação e a contenção de terras.
Entre o que se vê e o projecto, a autarquia gastou mais de três milhões de euros.
Não é difícil saber quem anda a pagar esta e outras loucuras.
A irresponsabilidade campeia.
A impunidade é algo com que os políticos, os autarcas, outras gentes, convivem às mil maravilhas porque a Justiça, simplesmente, não existe.
Ainda há poucos dias se ficou a saber que o brilhante autarca Isaltino de Morais não bate com os costados na prisão porque a Justiça permitiu-lhe saídas perfeitas e, durante 15 anos, de recurso em recurso, os factos que levaram à sua condenação, favorecimento de um empreiteiro, a troco de dinheiro que foi parar a uma conta na Suiça que até pertencia ao sobrinho, prescreveram.
E por aí se passeia, de sorriso irónico, charuto ao canto da boca, podre de chique!...
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