Mataram a Cotovia
Harper Lee
Tradução
Fernando Ferreira-Alves
Capa: Carlos
césar Vasconcelos
Relógio D’Água Editores,
Lisboa, Março de 2012
- Retira já o que disseste, rapaz!
Esta ordem, dada por mim ao Cecil Jacobs, marcava o
início de tempos um tanto ou quanto conturbados, tanto para mim como para o Jem.
Cerrei os punhos e estava pronta para atacar. O Atticus já tinha prometido que
me castigava se soubesse que eu tinha andado à pancada; já era bem crescidinha
para coisas tão infantis e, quanto mais cedo aprendesse a controlar-me, melhor
seria para todos. Mas depressa me esqueci de tudo isso.
A culpa foi toda do Cecil Jacobs. Tinha andado a dizer
no recreio da escola que o paizinho da Scout Finch defendia os pretos. Eu
neguei-o, mas depois até contei ao Jem.
- O qu’é qu’ele q’ria dizer com aquilo – perguntei.
- Nada – disse o Jem. – Pergunta ao Atticus, ele explica-te.
- Defendes pretos, Atticus? – perguntei-lhe eu nessa
mesma tarde.
- Claro que sim. Não digas preto, Scout. É feio.
- Mas é o qu’ toda a gente diz na escola.
- Então, a partir de agora passa a ser toda a gente.
Menos uma pessoa…
- Mas então, se não queres que cresça a flar desta
maneira, porque é que me mandas prà escola?
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