Há 61 anos, Cuba deixava de ser o quintal, o casino, a casa de putas
dos Estados Unidos. Um punhado de homens devolvia a dignidade a todo um povo.
Cuba é a revolução do meu tempo, acompanhei a visão romântica de todos aqueles passos, a grande utopia que marcou uma geração. Ainda hoje não fico indiferente quando olho aquelas fotografias em que um barbudo, no mato, rodeado de camponeses, fuma charutos e ensaia caminhos que hão-de ir da Sierra Maestra a Havana.
De Cuba se diz: ame-a ou deixe-a. Assim mesmo, sem direito a meias tintas. Há quem diga, que em Cuba não há liberdade, se persegue quem não pensa como o governo quer que se pense. Disso tenho, neste país, uma cruel experiência para que não saiba o que são esses valores de liberdade, liberdade de expressão, liberdade de escolhas.
São histórias complicadas.
Toda a minha vida profissional foi feita numa agência de navegação.
Um dia, um comandante da marinha mercante russa, já em pleno consulado
de Ieltsin, dizia-me: «Isso da liberdade é uma coisa muito bonita, uma
palavra que enche a boca, mas não enche a barriga». Atalhei que a
afirmação, era um tanto ou quanto reacionária.
«Chama-lhe o que quiseres, mas é assim», concluiu o comandante.
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