Os dias estão
tão confusos… e tão complicados.
Perigos
espreitam a cada esquina.
Por onde
começar?
O dinheiro
sempre cegou as pessoas.
Isabel dos
Santos, a mulher mais rica de África, está em maus lençóis e com ela uma série
de políticos e empresários angolanos e portugueses que, durante anos, foram
coniventes com a dama estendo-lhe uma enorme passadeira vermelha para se ir
enchendo de luxos: sapatos, malas, perfumes, vestidos, mansões aqui e ali, e
onde entram ministros e primeiros de governos diversos, banqueiros,
empresários, sociedades de advogados, generais, seguranças, um enxame enorme
gente que se constituíram em gangs-sem-fim-à-vista.
O que
designaram de Luanda Leaks abriu uma enorme caixa de Pandora.
E já há
gente, como ratos, a saltar do barco-qual-titanic.
Todos, mas TODOS,
são coniventes, servis que foram de gravata
ao pescoço, sorriso ao canto da boca.
Por mim, se
mandasse, prendia esta gente toda, arrestava-lhes o guito que têm espalhado em
mansões, carros e off-shores.
No meio desta
miserável desgraça, o povo angolano está condenado à fome à miséria.
Nenhum
colonialista é flor que se cheire, ou o que lhe quiserem chamar, mas se os
novos mundos que demos ao mundo são o que se passa e vive nesses países que
antes iam do Minho a Timor, limpemos as mãos à parede.
Enquanto
pensava neste triste e vergonhoso espectáculo, ia mudando as folhinhas secas
dos amores-perfeitos da varanda, e de repente, o nosso presidente Marcelo,
filho de ministro-do-estado-novo e desde criancinha com olhos e pés postos nesse
tal Portugal do Minho a Timor, sossegava os portugueses:
«Os sinais que me chegam mostram que não
há razão para nem a economia nesses sectores, nem os trabalhadores, nem os que
têm a ver com as empresas, fornecedores ou clientes, estarem preocupados com isso.»
Já há baixas
nos conselhos de administração das empresas, onde Isabel dos Santos detém participação
advogados começam a sair dos grandes escritórios de negociatas e um gestor de
conta no Banco EuroBic foi encontrado sem vida na garagem da sua residência.
Como a
procissão ainda nem sequer saiu do adro, tenho a sensação que é mais que
excessivo o optimismo de Marcelo Rebelo de Sousa.
Legenda: imagem ICIJ
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