quarta-feira, 1 de janeiro de 2020

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Não ficaria bem comigo mesmo, se a propósito de Quando Sali de Cubados The Sandpipers, não fosse repescar uma das excelentes crónicas do Luís Mira sobre a América.  
Podem lê-la, com mais imagens, aqui.
Tenho conversas longas com o Luís Mira para que ele retorne às memórias das suas viagens pelos Estados Unidos.
Até agora, em vão.
Mas um dos meus muitos vícios, é a persistência.


“It’s the dream of everyman to go back to the land where he was born, and that’s how it is with me.
Every night I sing a song and cry up for the day when I can go home again, to feel the warm morning sun and to walk where I used to run.
Many things can keep a man homeland apart, but the years and the miles can’t change what’s in a man’s heart, and someday, somehow, I will go back to the land I love”

(“English narration” que integra   Quando Sali de Cuba / The Wind Will Change Tomorrow,  na versão de The Sandpipers)

Imagino que por alusão à Little Italy de Nova Iorque, Little Havana  é o nome  que foi dado ao subúrbio de Miami onde se foram instalando, ao longo dos anos,  os refugiados cubanos que começaram a fugir ao regime de Fidel Castro logo após (ou mesmo antes…) a entrada triunfal das forças revolucionárias em Havana, na manhã de 1 de Janeiro de 1959.

Com o passar dos anos, muito outros “hispânicos” provenientes da América Central e da América do Sul se vieram também instalar em Little Havana, o que fez deste lugar  um “melting pot” no qual os cubanos, embora em decréscimo nas últimas décadas, continuam a constituir a população social e culturalmente dominante.

Ainda hoje Cuba e o regime de Fidel Castro continuam a dividir os corações.

Há os que estão abertamente contra.

Os que estão abertamente a favor.

Há os que estiveram a favor mas,  nos dias de hoje,  já têm algumas dúvidas…

Os que não têm opinião formada sobre o assunto, porque  “vá lá saber-se quem fala verdade…”

E os que se estão absolutamente nas tintas, desde que os charutos continuem a chegar em boa quantidade e qualidade…
Mas eu não escondo a ninguém as minhas simpatias em relação a Cuba e ao povo cubano.

Há que saber situar os factos no contexto histórico da profunda “Guerra Fria” em que ocorreram, e por muitos que tenham sido e continuem a ser os “erros de percurso”,  não posso acusar o regime de Fidel de ter sido o principal responsável por esse estado de coisas…

Mas, por outro lado, também não consigo nutrir uma profunda antipatia pelos cubanos de Little Havana.

A culpa é da Música, como sempre…

Acho que a nostalgia de “Quando Sali de Cuba” me adoçou o coração em relação a esta gente e hoje sinto por eles mais pena do que qualquer outro tipo de animosidade.

Penso nos dramas e nas dificuldades por que passaram…

Imagino o que será estar assim tão perto da nossa Casa e não poder voltar…

E foi nesta ambivalência de afectos que me dispus a vaguear pela Calle Ocho (Rua 8) que, sobretudo entre a 11ª  e a 17 Avenidas, constitui a verdadeira  “main street” de Little Havana.

É claro que não poderia ter a presunção de tudo ficar a conhecer numas míseras duas horas de passeio…

Mas queria  tentar perceber como é que eles vivem e  saber se ainda seria possível sair dali com um cheirinho a Cuba e às cores de Cuba.

As cores acho que as vi, mas o cheirinho foi mais a Uncle Sam do que a qualquer outra coisa…

1 comentário:

Seve disse...

Isto da liberdade tem que se lhe diga mas quem normalmente está contra a falta de liberdade em Cuba são os mais acérrimos inimigos da liberdade!