Não ficaria bem comigo mesmo, se a propósito de Quando Sali de Cubados The Sandpipers, não fosse repescar uma das excelentes crónicas do Luís Mira
sobre a América.
Podem lê-la, com mais imagens, aqui.
Tenho conversas longas com o Luís Mira para que ele retorne às memórias
das suas viagens pelos Estados Unidos.
Até agora, em vão.
Mas um dos meus muitos vícios, é a persistência.
“It’s the dream of everyman to go back to the
land where he was born, and that’s how it is with me.
Every night I sing a song and cry up for the
day when I can go home again, to feel the warm morning sun and to walk where I
used to run.
Many things can keep a man homeland apart, but
the years and the miles can’t change what’s in a man’s heart, and someday,
somehow, I will go back to the land I love”
(“English narration” que integra Quando Sali de Cuba / The Wind Will Change
Tomorrow, na versão de The Sandpipers)
Imagino que por alusão à
Little Italy de Nova Iorque, Little Havana
é o nome que foi dado ao subúrbio
de Miami onde se foram instalando, ao longo dos anos, os refugiados cubanos que começaram a fugir
ao regime de Fidel Castro logo após (ou mesmo antes…) a entrada triunfal das
forças revolucionárias em Havana, na manhã de 1 de Janeiro de 1959.
Com o passar dos anos,
muito outros “hispânicos” provenientes da América Central e da América do Sul
se vieram também instalar em Little Havana, o que fez deste lugar um “melting pot” no qual os cubanos, embora
em decréscimo nas últimas décadas, continuam a constituir a população social e
culturalmente dominante.
Ainda hoje Cuba e o regime
de Fidel Castro continuam a dividir os corações.
Há os que estão
abertamente contra.
Os que estão abertamente a
favor.
Há os que estiveram a
favor mas, nos dias de hoje, já têm algumas dúvidas…
Os que não têm opinião
formada sobre o assunto, porque “vá lá
saber-se quem fala verdade…”
E os que se estão
absolutamente nas tintas, desde que os charutos continuem a chegar em boa
quantidade e qualidade…
Mas eu não escondo a
ninguém as minhas simpatias em relação a Cuba e ao povo cubano.
Há que saber situar os
factos no contexto histórico da profunda “Guerra Fria” em que ocorreram, e por
muitos que tenham sido e continuem a ser os “erros de percurso”, não posso acusar o regime de Fidel de ter
sido o principal responsável por esse estado de coisas…
Mas, por outro lado,
também não consigo nutrir uma profunda antipatia pelos cubanos de Little
Havana.
A culpa é da Música, como
sempre…
Acho que a nostalgia de
“Quando Sali de Cuba” me adoçou o coração em relação a esta gente e hoje sinto
por eles mais pena do que qualquer outro tipo de animosidade.
Penso nos dramas e nas
dificuldades por que passaram…
Imagino o que será estar
assim tão perto da nossa Casa e não poder voltar…
E foi nesta ambivalência
de afectos que me dispus a vaguear pela Calle Ocho (Rua 8) que, sobretudo entre
a 11ª e a 17 Avenidas, constitui a
verdadeira “main street” de Little
Havana.
É claro que não poderia
ter a presunção de tudo ficar a conhecer numas míseras duas horas de passeio…
Mas queria tentar perceber como é que eles vivem e saber se ainda seria possível sair dali com
um cheirinho a Cuba e às cores de Cuba.
As cores acho que as vi,
mas o cheirinho foi mais a Uncle Sam do que a qualquer outra coisa…
1 comentário:
Isto da liberdade tem que se lhe diga mas quem normalmente está contra a falta de liberdade em Cuba são os mais acérrimos inimigos da liberdade!
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