Deixar a Vida
Jorge Silva
Melo
Edições
Cotovia, Lisboa, Abril de 2002
E assim posso chegar a um novo ensaio
geral: trabalhámos dois meses, as regras foram ultrapassadas, as hipóteses
estão definidas, o espectáculo pode estrear amanhã. Durmo confiante: a vida vai
entrar. Porque tudo o que fazemos nos sombrios dois meses de todas as dúvidas
que são os ensaios foi deixar a vida entrar.
Não a quero espartilhar, dominar, dobrar.
Quero que ela entre, imprevista, ao sopro tangente dos dias, delicada: em nome
de um trabalho responsável.
Ensaiar é também aprender a morrer: e
morrer também é deixar a vida.
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