Jorge Fallorca
Capa: Paulo da Costa
Domingues
Frenesi, Lisboa, Maio
de 2001
Aprendia a caminhar devagar porque o calçado também
se gasta, e além disso não tinha pressa nenhuma.
Está tudo à mão, só é preciso saber chegar-lhe.
Não?
Digo eu, não sei:
se vai à vela, remos ou motor,
mas que já não largou o porto é certo
«Senta aí, homem.»
«Sento porque eu quero. O corpo é meu»
Era sempre assim,
começavam
Foram a Sines pelo caminho velho.
Assomaram ao campo que foi de aviação, e torpes lá che-
garam a Sines.
Ele, tretas & tretas doutros escaldões.
Ele visitou a mana que habita o largo e volto-me já.
Foram:
o miúdo ao patinhas
ela às louças
ele com os olhos lambendo as paredes, dono das
cores.
Depois, voltaram ao porto e foram à maré.
Completos:
galritos
caniço
o peixe doutro nome como
isco
cacilhos nos beiços que se apagam cedo.
Desceram:
pedra riscada, juliana
(fora) a prima da abrótea, mais
uns caramujos de enteter.
Burriés?
Sim.
Mas não tem som.
Só as gralhas do porto:
escreve-se
na areia o que o papel nunca diz, depois
vem o que esquece tudo e nunca soube de nada.
Vento também há, menos.
Cheira.
Pega-se-nos cheio de linhas, telegráfico.
Espécie de renda coando a intimidade das janelas.
Vento:
Cada um a sua, e quantas vezes salpicadas de estrelas,
latindo para as canas.
Disputam-nas:
berreiros, gamanços,
canadas, porrões, copos, pois, e
mais copos por uma cana.
Sendo vidrada, melhor.
Atestado de água boa – sabia-lhe os sítios – foi-se a estes
montes sem dizer:
andou, andou, andar-se
até à beirinha de uma pedra
a olhar pró pessegueiro.
Ham!, é uma forma de dizer, sabe-se lá se não era mas é
a ilha o que estava a ver?
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