Inéditos
Antoine de
Saint-Exupéry
Prefácio: Alban
Cerisier e Delphine Lacroix
Tradução: Margarida
Vale de Gato
Capa: Maria Manuel
Lacerda
Casa das Letras,
Lisboa, Novembro de 2009
Ao fim do dia fui ver o meu avião. E sei aquilo que se pede a um avião
ou a um navio. Sei quais as matérias profundas que se desejaria reanimar dentro
de nós. Esta carne, este coração, oferecemo-los a outros sóis para os
amadurecerem. Como se fôssemos sempre um campo cheio de sementes a fazer
germinar. Desde a infância que fugimos dessa velhice que não passa de uma
conversão.
Eu rinha uma companheira. Ia às vezes, antigamente encontrar-me com ela
ao fim do dia, e à beira do lume, conversávamos. E era uma viagem. Ah, a minha
bela amizade! Não precisávamos de falara das Índias nem da China. Havia, porém
uma tal densidade na melodia simples daquele disco de gramofone, no sabor e no
gosto do Porto! E se um amigo ou uma
amiga se nos juntassem, era uma coisa de que já tínhamos falado e, na sala,
essa pessoa daria passos admiráveis, cheios de sentido, trazendo mil tesouros.
Graças a ela, íamos instruir-nos. Viajar é, em primeiro lugar, aprender uma
língua, as regras do jogo.
Sem comentários:
Enviar um comentário