Cacilheiros
Luís Miguel
Correia
Aguarelas:
Rodrigo Bettencourt da Câmara
Fotografias:
Francisco Sequeira Cabral e Luís Miguel Correia
Edições
Iniciativas Náuticas, Lisboa 1996
Num movimento permanente de barcos, cais e gente, os
cacilheiros espraiam-se discretos por entre a luminosidade brilhante do Tejo,
os cascos laranja inconfundíveis, as proas rumo a Belém, Cacilhas, ao Cais do
Sodré, ao Montijo, ao Porto Brandão, ao Seixal, ao Terreiro do Paço, à Trafaria…
À popa, a mesma esteira branca salpicada de azul em
tempos desenhada por velhos barcos das carreiras de Pedrouços, da Cova do Vapor
ou de Alcochete. Já se chamaram Progresso e Victória, Flecha e Renascer.
Hoje continuam a chamar-lhes cacilheiros e são
personagens de uma Lisboa marítima de séculos, paisagem do rio e suas cidades,
num quadro que a geografia e a história foram desenhando com o tempo. Quem, do
castelo de São Jorge ou do forte de Almada olhar o Tejo vê sempre, entre cais e
navios, os cacilheiros nas suas travessias sucessivas, parte do quotidiano dos
noventa mil passageiros que todos os dias atravessam o rio.
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