5 de Maio de
1936
Não é esta ou aquela acção que constitui pecado, mas
uma existência mal governada. Há os que pecam e os que não pecam. As mesmas
coisas (odiar, fornicar, preguiçar, maltratar, humilhar-se, enraivecer-se) são
pecados nuns, noutros não.
Ter pecado quer dizer ficar convencido de que certa
acção é, de um modo misterioso,
criadora de infelicidade para o futuro; que tal acção ofendeu alguma lei misteriosa
da harmonia e não é mais do que um elo numa cadeia de desarmonias precedentes e
futuras. Viver é como fazer uma longa soma em que basta ter errado o total das
duas primeiras parcelas para já não nos conseguirmos safar. Isto é, engrenar
numa cadeia dentada; etc.
Cesare Pavese em Ofício de Viver
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