quinta-feira, 9 de novembro de 2017

OLHAR AS CAPAS


Assim foi Temperado o Aço

Nikolai Ostrovski
Prefácio Romain Rolland
Capa: Armando Alves
Edições «A Opinião», Porto 1975

No vão iluminado da porta entreaberta do depósito apareceu por um instante uma figura humana que as sombras do crepúsculo absorveram. As pancadas no ferro abafaram o primeiro grito mas quando o homem que aparecera na porta veio a correr até ao local onde reparavam a locomotiva, Artion que já levantara o martelo não desferiu o golpe.
- Camaradas! Lenine morreu!
O martelo resvalou-lhe lentamente pelo ombro e a mão de Artiom pousou-o sem ruído no chão de cimento.
- Que disseste? – As mãos de Artiom agarraram como tenazes o couro do casaco do que havia trazido a tremenda notícia.
E este coberto de neve e ofegante repetiu, já com voz rouca e entrecortada:
- Sim, camaradas, Lenine morreu.
E pelo facto de o homem já não gritar, Artiom compreendeu a espantosa verdade e reconheceu o rosto de quem falara: era o secretário da organização do Partido.
Os homens saíram dos fossos e ouviram em silêncio a notícia da morte daquele cujo nome era conhecido em todo o mundo.
E junto das portas fazendo estremecer tudo e todos ecoou o apito de uma locomotiva. Do extremo oposto da estação veio a, impregnado de alarme, unia-se o apito da sereia da central eléctrica, agudo e penetrante como o voo de um obus. Com o som límpido do bronze cobriu estes apelos a bela locomotiva de marcha rápida, tipo «S», pronta para sair rumo a Kiev conduzindo um comboio de passageiros.

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