Assim foi Temperado o Aço
Nikolai
Ostrovski
Prefácio Romain
Rolland
Capa: Armando
Alves
Edições «A
Opinião», Porto 1975
No vão iluminado da porta entreaberta do depósito
apareceu por um instante uma figura humana que as sombras do crepúsculo
absorveram. As pancadas no ferro abafaram o primeiro grito mas quando o homem
que aparecera na porta veio a correr até ao local onde reparavam a locomotiva,
Artion que já levantara o martelo não desferiu o golpe.
- Camaradas! Lenine morreu!
O martelo resvalou-lhe lentamente pelo ombro e a mão
de Artiom pousou-o sem ruído no chão de cimento.
- Que disseste? – As mãos de Artiom agarraram como
tenazes o couro do casaco do que havia trazido a tremenda notícia.
E este coberto de neve e ofegante repetiu, já com voz
rouca e entrecortada:
- Sim, camaradas, Lenine morreu.
E pelo facto de o homem já não gritar, Artiom
compreendeu a espantosa verdade e reconheceu o rosto de quem falara: era o secretário
da organização do Partido.
Os homens saíram dos fossos e ouviram em silêncio a notícia
da morte daquele cujo nome era conhecido em todo o mundo.
E junto das portas fazendo estremecer tudo e todos
ecoou o apito de uma locomotiva. Do extremo oposto da estação veio a,
impregnado de alarme, unia-se o apito da sereia da central eléctrica, agudo e
penetrante como o voo de um obus. Com o som límpido do bronze cobriu estes
apelos a bela locomotiva de marcha rápida, tipo «S», pronta para sair rumo a
Kiev conduzindo um comboio de passageiros.
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