Escolhi a terra
para dormir
húmida vermelha dura
nunca formei uma palavra
nunca encontrei a saída
Estou vivo ou estarei morto
ou estarei mais além aberto
entre as constelações salubres
de uma gruta de veias vivas
Já sem andaimes o poema
dilacerado como um nervo
há-se acolher ao rés do solo
um ramo quebrado um formiga
a baba de um caracol
A palavra que nunca foi dita
não será flecha mas ferida feliz
entre os dois pólos do arco
que une o desejo ao silêncio da lua
húmida vermelha dura
nunca formei uma palavra
nunca encontrei a saída
Estou vivo ou estarei morto
ou estarei mais além aberto
entre as constelações salubres
de uma gruta de veias vivas
Já sem andaimes o poema
dilacerado como um nervo
há-se acolher ao rés do solo
um ramo quebrado um formiga
a baba de um caracol
A palavra que nunca foi dita
não será flecha mas ferida feliz
entre os dois pólos do arco
que une o desejo ao silêncio da lua
António Ramos
Rosa em Resumo: a poesia em 2013
Legenda:
fotografia de Vivian Maier
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