terça-feira, 28 de novembro de 2017

POSTAIS SEM SELO


Ele encontra-a muitas vezes num bar ribeirinho, onde os veleiros navegam mas paredes, em aguarelas antigas, de azuis e amarelos desmaiados, a cortarem as vagas, lutando contra as tempestades. Em tempos diferentes, talvez ela lhe fizesse companhia nos álcoois fortes, que ele teima em beber aos fins de semana. Agora, fica-se pelas águas tónicas, cigarro atrás de cigarro, enquanto lhe fala de mágoas, e conta histórias terríveis, onde se podiam colar os versos de Maiakowski. Nesta vida é mais fácil morrer do que viver.

Eduardo Guerra Carneiro em Outras Fitas

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