Ainda a entrevista de
Luiz Pacheco a João Pedro George:
O Luiz foi um dos
grandes responsáveis pelo sucesso de O Que Diz Molero. Como é que isso se
passou?
Eu estava em
Massamá e tive a informação de que a Bertrand me queria editar a Obra Completa.
Um dia fui à Bertrand, na Venda Nova, e encontrei o Dinis Machado, que foi
gentilíssimo comigo e com o Paulo... encheu-o de álbuns, papel, livros... e
deu-me as provas do Molero – portanto a minha crítica saiu no Diário Popular
antes de o livro estar à venda. No dia seguinte comecei a ler aquela merda,
aquilo são dois gajos a discutir, e eu disse ao gajo onde estava o meu filho
Paulo, o Henrique Garcia Pereira: «O pá, eu estou fodido com este gajo, este
gajo foi tão simpático comigo e com o meu filho, deu-me tanta merda, e agora
isto é uma porcaria, não se percebe nada». Até que de repente entrei na cegada
da cena de porrada com os camones no Bairro Alto... aquilo tinha uma coisa, é
que era um livro que já não era escrito com medo da censura, via-se que havia
ali... o gajo não era nenhum novato, já tinha escrito 3 romances policiais...
havia ali de repente uma força, porque estes gajos se tivessem um bocadinho de
vergonha não publicavam os livros que publicaram durante o fascismo… bom, então
escrevi o artigo «Descobri um Autor». Só na semana seguinte é que o Molero saiu
à venda. Estava na feira do livro e apareceu-me o Afonso Praça: «Olha, comprei
aquela coisa do Molero por causa da tua crítica, opá julguei que estavas a
gozar, mas tinhas razão, aquilo é muito giro…» Depois disse muito mal do Reduto
Quase Final, numa entrevista ao B-B. Um
gajo também não escreve só obras-primas, há altos e baixos... Se um gajo
vai facilitar, a não pensar, se o gajo não é o leitor mais exigente de si
mesmo, está fodido, tem a classificação que merece. Eu de facto não descobri
autor nenhum, descobri um livro giro…
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