quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

OLHAR AS CAPAS


Textinhos, Intróitos & etc

Vitor Silva Tavares
Capa: Luís Henriques
Pianola editores, Lisboa, Outubro de 2017

Como se diz dos elefantes, também ele se considerou morto e morreu. Foi-se indo morrendo. Deixando-se matar nele até que se matou. Subscrevendo o homicídio.
Então se diz do Eduardo: suicida. Para não dizer: suicidado. Que já matado estava quando se chegou à morte.
Não há endereçáveis para a responsabilidade ou culpa. O rapaz do trapézio voador (assim se ficcionou: premonitório?) achava-se pronto ao voo sem rede – metáfora de vida perigosa agora tomada à letra, ao gesto. Certa madrugada, idas as festas felizes, aí vai ele pelo ar baixo: ponto final no pátio das traseiras.
Ninguém teve nada com isso: não fui eu, não foste tu, etc.

(Do texto Na Morte de Eduardo Guerra Carneiro, publicado na revista Telhados de Vidro nº 2, Maio de 2004)

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