domingo, 30 de dezembro de 2018

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Quisemos ser enganados, foi o que foi.

O pior é que tudo isto se passou com pessoas que tinham hábitos de frequentar livrarias e discotecas.

Só que, como diz a frase histórica, não se pode enganar toda a gente todo o tempo.

Foi quando, um dia, deu com ele a perguntar-se: A FNAC, em algum dia, foi uma livraria, uma loja de venda de discos? Não terá sido antes um olhar ingénuo e distraído sobre a novidade que nos levou a pensar que…?

Enquanto foi novidade, a FNAC agradou pela diversidade, alguma competência.

Depois começou lentamente a derrapar até chegar à javardice que hoje é.

Há 12 anos, quando apareceu em Portugal, conseguiu arrasar literalmente com toda a concorrência nacional. Qual árvore de borracha, secou tudo em volta.

Lembram-se das grandes, médias e pequenas livrarias de Lisboa, das lojas Valentim de Carvalho, Loja da Música, Discoteca Roma e outras? Até a Virgin!

Deram cabo de tudo e hoje a FNAC mais não é que uma loja de venda de equipamentos informáticos, relógios, outras tretas e onde reina a ignorância, a incompetência, a má educação.

Por ele, há muito, mas mesmo muito, que deixou de pôr os pés na FNAC.

Agora conta a história macabra que se passou, na FNAC do Chiado, com um amigo.

O amigo escolheu uns livros, uns DVDs. Dirigiu-se depois à bilheteira para comprar bilhetes para o concerto do James Taylor e, como já fizera em anteriores ocasiões, pagaria tudo no mesmo balcão: bilhetes, livros e DVDs.

Era a hora de almoço e a situação estava um pouco para o complicado e para o lento. O amigo resolveu passar noutra ocasião. E saiu.

Esquecera que debaixo do braço tinha os livros e os DVDs, que não pagara, e os censores dispararam o alerta. Entrara em simples transgressão.

De imediato se lhe dirigiu o segurança, indagou o que tinha para indagar, o amigo explicou a situação e foi de imediato pagar os livros e os DVDs.

Aguardava a sua vez para pagar, quando o segurança voltou a dirigir-se-lhe dizendo que, após o pagamento, teria que passar, para alguns esclarecimentos, pela sala de segurança.

O que se passou na sala de segurança? O que pretendiam?

Puro achincalhamento, o sindroma dos pequeninos poderes que se sentem no direito de chatear quem lhe apetece.

Uma autêntica conversa da treta que aqui tem short version.

Aguardavam-no três capangas e uma capanga. Começaram com um sermão beato que estas coisas não são bonitas, não são decentes. O amigo voltou a explicar o sucedido e, cansado já, saiu-lhe aquele humano desabafo se eles o achavam com cara de andar a gamar DVS e livros.

Aí a capanga, com um sorriso de escárnio, bolsou: “ah se eu lhe contasse o que apanhamos por aqui. Até juízes de direito!”.

Aos poucos a paciência do amigo estava nos limites e chegou a passar-lhe pela cabeça espetar uma cabeçada no céu-da-boca daquela gentalha. Campainhas soaram: pior a emenda que o soneto, estava em digressão, não era tempo para se armar em Kung Fu.

Se a FNAC é má, a empresa de segurança que lhe presta serviço, acompanha o nível. Estão bem uns para os outros.

Findo o achincalhamento - volta a recordar que isto é uma short version - o amigo dirigiu-se de imediato ao “apoio ao cliente” para apresentar reclamação e desistir do cartão FNAC.

Deram-lhe um papel e o amigo disse ao empregado que na folha não constava o tipo de reclamação que queria fazer.

O empregado enfastiado: “Escreva por aí qualquer coisa".

Contou a história e, candidamente, ficou a aguardar um telefonema, uma carta da FNAC, não só para um formal pedido de desculpas, mas algo mais, aquilo que a relação empresas/clientes exige.

Nada! Esta história passou-se no Verão passado.

Que terá acontecido?

O empregado, para defender a empresa de segurança, não fez avançar a reclamação para quem de direito.

A reclamação foi lida por quem de direito que entendeu que a história era a velha cena dos habituais gamadores de mercadorias e não esteve para mais chatices. O facto de se tratar de um bom cliente, centenas de euros por mês, milhares por ano, poderia ser até um cliente de um euro, não foi suficiente para qualquer diligência.

Em suma a FNAC, pura e simplesmente, borrifa-se nos seus clientes.

O ar arrogante de quem se sente, confortável, no topo do negócio e não necessita da ralé para nada.

Possivelmente nunca irão compreender a porcaria de empresa que são.

Talvez aprendessem se ninguém lá pusesse os pés…

Ou então, como diz o russo, no café do bairro, entre a bica e o bagaço: “só à chapada!...”.


Colaboração de Gin-Tonic


Textos tirados daqui.

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