Um Homem Parado no Inverno
Baptista-Bastos
Capa: João Segurado
Edições O Jornal,
Lisboa, 1991
Ergue-se do banco e dirige-se, lentamente, para a azinhaga.
Dissolveu-se a estranha sufocação de cerco. Pára um pouco, olha em redor de si,
para a noite e para as sombras. Um pássaro de largo porte voeja pesadamente num
círculo largo; depois desfaz o rumo e integra-se na escuridão. Ouve um piar
prolongado. O recorte do casario parece alterar-se. O vento traz consigo um
odor acre, e distingue o som profundo das águas do mar; folhas de árvores e
esporos vagabundos redemoinham. Um murmúrio, um sussurro, algo de impalpável,
nada de importante.
O inverno vai ser longo e áspero.
Vou ter muito tempo para recordar.
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