quinta-feira, 14 de novembro de 2019

CORPO


Corpo serenamente construído
Para uma vida que depois se perde
Em fúria e em desencontro erguidos
Contra a pureza inteira dos teus ombros.

Pudesse eu reter-te no espelho
Ausente e mudo a todo outro convívio
Reter o claro nó dos teus joelhos
Que vão rasgando o vidro dos espelhos.

Pudesse eu reter-te nessas tardes
Que desenhavam a linha dos teus flancos
Rodeados pelo ar agradecido.

Corpo brilhante de nudez intensa
Por sucessivas ondas construído
Em colunas assente como um templo.

Sophia de Mello Breyner Andresen de Mar Novo em Cem Poemas de Sophia

1 comentário:

" R y k @ r d o " disse...

Bom dia:- Uma admirável poetisa com trabalhos brilhantes como este.
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^^^ Mulher em pétalas de amor ^^^
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Que a felicidade resida em seu coração.