quarta-feira, 12 de agosto de 2020

CHAVE


                                                               para Anne Gall

Se uma película de vidro
adere à pele da pedra; se algum
vento vier.


Afere-lhe o esplendor; martela,
fere: um som de ferro
no exterior; por dentro
outra textura mais espessa. Poisa
como um verniz depois o ar
suave a sua
laca no esmalte fracturado.


E levanta-se então.
Minuciosamente. Ergueu-se
o halo
das colinas; a lenta beleza
levitada em cada grão
de pedra. Irradiando as lanças

que o brilho do vento
restituiu à luz, no aro
mais espesso do ar.


Rodar a chave do poema
e fecharmo-nos no seu fulgor
por sobre o vale glaciar. Reler
o frio recordado.

Carlos de Oliveira em Trabalho Poético 2º volume

Legenda: não foi possível identificar o autor/origem da imagem.

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