A televisão é uma fotografia de guerra
que mexe. É um beijo mais largo que a minha cabeça.
É uma caixa de sabão que não se cansa de lavar mais branco.
E faz muita companhia, a mim, aos livros, ao cão.
O
arroz está mais caro. A água e a luz também.
Eu estou mais gorda e não passou na televisão:
a minha televisão é sensível, preocupa-se comigo,
é como se fosse uma pessoa; melhor
que as pessoas amigas que me contam as rugas
e os cabelos brancos, resmungam
por tudo e por nada, e calçariam luvas
para apanhar do chão um livro
ou mesmo o meu coração se caísse.
Eu estou mais gorda e não passou na televisão:
a minha televisão é sensível, preocupa-se comigo,
é como se fosse uma pessoa; melhor
que as pessoas amigas que me contam as rugas
e os cabelos brancos, resmungam
por tudo e por nada, e calçariam luvas
para apanhar do chão um livro
ou mesmo o meu coração se caísse.
Teresa
Jardim em Resumo: a poesia em 2010
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