Numa
das suas deslocações à província, Humberto Delgado passou por Vila Velha que
veio para a rua saudar a caravana. À frente, vinham as motas e os jipe da GNR,
dois carros com agentes à paisana e, por fim, o automóvel preto do general
seguido de um outro que lançava panfletos de propaganda. A meio do caminho,
tinham sido confiscados os megafones da comitiva que ficara também reduzida à
expressão mais simples pelas caprichosas imposições das autoridades, executadas
por nervosos oficiais de ligação. Mas nada esfriou o entusiasmo dos
vila-velhenses, apinhados ao longo da Rua da Restauração, gritando vivas ao
general que prometia acabar com a PIDE e a censura e devolver aos cidadãos as
liberdades e direitos sufocados pela ditadura que já ia no seu 32º aniversário.
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Que me diz à histeria que por aí vai? – interrogava, amedrontado, o dr.
Leonardo Ferreira.
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O dianho do homem é um agitador de marca – reconhecia Guilherme Andrade. – Mas não
se apoquente. Está tudo previsto. Quando chegar a altura, quem conta os votos
somos nós.
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