Voltaremos ao silêncio das ruas desertas?
No exacto momento
em que começo a escrever, o mundo atingiu o número de 1.164.094 mortes causadas
pela covid-19.
Os que destas coisas sabem, dizem que teremos 4 mil casos
por dia em Novembro.
Faltam agentes fiscalizadores: incúria, descuido?
Os gabinetes dos 70 membros do Governo têm ao seu serviço
1236 pessoas.
Razão tinha a Alexandra Alpha:
«Isto não é um
país, é um sítio mal frequentado.»
5.
Vai ficar tudo bem
deu-nos a ideia de que o ataque que enfrentávamos nos tornaria pessoas diferentes,
solidárias, compreensivas.
A pergunta é retirada da 1ª página do Expresso.
Numa altura em que tanta gente perdeu o emprego e outros aguardam o dia pela chamada para lhes comunicarem a extinção do seu posto de trabalho, ficamos a saber que os mais ricos ficaram ainda mais ricos.
6.
O governo, o
orçamento o Novo Banco.
Palavras de Francisco
Louçã:
«Num tempo em que
falta dinheiro para contratar médicos, fechar os olhos às manigâncias pouco
imaginativas dos banqueiros não é política. É gosto pelo abismo. E sobretudo,
desmerece o país.»
7.
Ferreira Fernandes, no Público, cita o filme Os Amantes do Tejo em que Amália Rodrigues aparece a cantar Barco Negro e onde um miúdo de Alfama pergunta a Daniel Gélin se gostava de viajar e ele respondia: «Gosto é de partir.»
8.
No ano de 1973 a
Arcádia pediu a Manuel da Fonseca que fizesse uma biografia de Amália
Rodrigues.
O livro nunca foi
publicado mas, recentemente alguém descobriu as fitas gravadas das conversas
que Manuel Fonseca teve com Amália. Totalizam cerca de nove horas. Nelson de
Matos e a Porta Editora, com o enquadramento e notas de Pedro Castanheira,
publicaram, agora, o livro que tem por título «Amália nas suas Palavras». Rui
Vieira Nery escreveu o prefácio.
Eu que tento gosto do
Manuel da Fonseca e da Amália, dirigirei um destes dias os meus passos para
comprar o livro.
Sobre Amália, no seu
livro «Amália: Dos Poetas Populares aos Poetas Cultivados» escreveu Vasco Graça
Moura: «soube incutir como mais ninguém um acento profundamente dramático à expressão
daquilo que cantava. Não apenas por ser dotada de uma voz absolutamente
extraordinária. A sua articulação por vezes centrava-se mais no significante do
que no significado, mas acabava restituindo misteriosamente a este último todo
o seu valor, e encontrou ou inventou melismas, inflexões verbais, tensões
intrasilábicas, portamentos, arabescos e outros efeitos vocais, alguns
porventura de uma inspiração mediterrânica bebida da Andaluzia à Córsega, mas
todos eles únicos, pessoais, intransmissíveis e sobretudo singularmente
adequados a traduzir uma entrega total à intensidade dos sentimentos, das
dilacerantes violências da paixão à angústia mais torturada, à ternura mais
límpida, ou à alegria simplesmente ingénua dos fados que ela cantava.»
Lágrima tem versos de Amália Rodrigues que, segundo Vasco Graça Moura «é uma obra-prima».
Nota do editor: a citação do livro de Vasco da Graça Moura é retirada de um artigo de Nuno Pacheco publicado no Público.
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