segunda-feira, 12 de outubro de 2020

A FESTA RECUSADA

E nasce entre clarins amachucados

O desejo de nunca mais ouvir

O som de bosques puros deslumbrados

Que os deuses não nos deixam descobrir

 

E nasce aquele som viril e brando

Da minha voz estranha que te despe

Da minha voz ardente imaginando

O amor que passou e que não deste

 

E nasce entre cilícios da orquestra

No soluço mais puro e mais oculto

A presença abolida de outra festa

Que fora prometida no teu vulto

 

A festa recusada que tornara

Os dois um rosto só medalha rara

 

Alberto Lacerda em Exílio 

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