13 de Março de 1992
«Fernando
Echevarria: escrevera sobre ele há muitos anos, ainda nas páginas da Seara
Nova, ignorando quem era e o que fazia. Houve um verso que ficou (há palavras
que atravessam a minha vida, vá lá saber-se porquê» «e sangue adelgaçado em
alegria» (de novo, o sangue, reparaste?). Depois, muitos anos depois, houve um
jantar e uma amizade discreta (com o Fernando e a Flor)). É um homem de rosto
concentrado e silenciosos que gosta de algumas coisas simples e importantes,
como música, vinhos e poesia. Tem uma espantosa sensibilidade `*a forma das
palavras e anda por Paris como um clandestino de samarra que tem por missão
acender entre os humanos pequenos nichos de respiração e transparência. Por
vezes, quando passo de carro ao fim da tarde pelos cais, vejo-o voltado para si
e aberto para os outros, num café junto ao Sena: um livro, um caderno, um olhar
tranquilo. Às vezes, escreve.»
Eduardo
Prado Coelho em Tudo o Que Não Escrevi
Volume II
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