segunda-feira, 4 de outubro de 2021

OLHAR AS CAPAS


Diz-lhe Que Estás Ocupado

Conversas com Alexandre O’ Neill

Edição e introdução organizada por Joana Meirim

Capa: V. Tavares

Tinta da China Editores, Lisboa, Julho de 2021

A preocupação mais constante.

Preocupa-me o destino de um país chamado Portugal. Isso preocupa-me, embora não tenha nenhum cargo de velar pelo país a que pertenço, mas, como sou português, penso nele e, efectivamente, preocupa-me o destino deste país. Porque eu acho que quando se chega a uma situação em que falta o essencial e se gasta o supérfluo há qualquer coisa que vai mal. É isto que eu penso.

Alexandre O’ Neill, tente, por favor, autorretratar-se em dez adjectivos, designadamente os aspectos políticos, profissional, existencial…

Político: político sou… considero-me um homem de esquerda. Não sei exactamente de que esquerda, mas sou com certeza um homem de esquerda. No que tenho orgulho, atenção! Profissionalmente, sou um publicitário.

Não é exagerado?

Não, não. Sou mesmo um publicitário. Quotidianmaente exerço essa profissão e faço o possível para não contribuir com essa minha actividade, para a lienação geral que grassa.

Um adjectivo para existencialmente? O que é?

Sou um angustiado. Um homem cheio de problemas, pessimista.

E religiosamente?

Religiosamente, sou ateu, se assim se pode dizer.

(de uma entrevista a Adelino Gomes, Janeiro de 1983, para a Rádio Comercial.) 

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