Diz-lhe
Que Estás Ocupado
Conversas
com Alexandre O’ Neill
Edição
e introdução organizada por Joana Meirim
Capa:
V. Tavares
Tinta
da China Editores, Lisboa, Julho de 2021
A
preocupação mais constante.
Preocupa-me
o destino de um país chamado Portugal. Isso preocupa-me, embora não tenha
nenhum cargo de velar pelo país a que pertenço, mas, como sou português, penso
nele e, efectivamente, preocupa-me o destino deste país. Porque eu acho que
quando se chega a uma situação em que falta o essencial e se gasta o supérfluo
há qualquer coisa que vai mal. É isto que eu penso.
Alexandre
O’ Neill, tente, por favor, autorretratar-se em dez adjectivos, designadamente
os aspectos políticos, profissional, existencial…
Político:
político sou… considero-me um homem de esquerda. Não sei exactamente de que
esquerda, mas sou com certeza um homem de esquerda. No que tenho orgulho,
atenção! Profissionalmente, sou um publicitário.
Não
é exagerado?
Não,
não. Sou mesmo um publicitário. Quotidianmaente exerço essa profissão e faço o
possível para não contribuir com essa minha actividade, para a lienação geral
que grassa.
Um
adjectivo para existencialmente? O que é?
Sou
um angustiado. Um homem cheio de problemas, pessimista.
E
religiosamente?
Religiosamente, sou ateu, se assim se pode dizer.
(de uma entrevista a Adelino Gomes, Janeiro de 1983, para a Rádio Comercial.)
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