Se eu voltar algum dia
será pelo canto dos pássaros.
Não pelas árvores que hão-de partir
comigo
ou irão depois visitar-me no Outono,
não pelos rios que, por baixo da
terra,
continuarão a falar-nos com suas
vozes mais nítidas.
Se no fim regressar, corpóreo ou
incorpóreo,
levitando em mim mesmo,
embora nada possa já ouvir na
ausência,
sei que minha voz estará ao lado de
seus coros,
e voltarei, se hei-de voltar, por
eles;
o que foi vida em mim não deixará de
celebrar-se,
e eu habitarei o mais inocente dos
seus cantos.
Eugenio Montejo
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