Uma das primeiras pessoas que me tratou
bem em jovem foi o Vitor Silva Tavares, o editor da & etc. A etc era um
projecto com uma integridade, uma coerência e uma disciplina que nem sempre se
encontra. Faziam exactamente aquilo que queriam e não o que o resto do mundo
queriam que fizessem. Escolhiam quem queriam ter e quem não queriam ter, Não
faziam coisas demais, não se faziam ao tacho, não faziam nenhum esforço para
serem populares ou conhecidos ou publicitados.
Fiz a capa para um livro do Mário
Carvalho quando tinha 20 anos e fiz mal e porcamente. O Vitor Silva Tavares
deveria ter esperado dois anos. Quando o conheci tinha para aí 17 anos, Fui
visitá-lo num furo das aulas do liceu. Tinha visto aquelas plaquetas que ele
fazia e queria saber como é que aquilo se fazia. Então fui bater à porta, na
Rua da Emenda. E lá estava aquele senhor de barba, que me atendeu. É o género
de disciplina ética que se encontra em certos cineastas, em certas editoras de
música.
Jorge Colombo, de uma entrevista ao Expresso.
1 comentário:
Neste estranho mundo dos milhões ainda haverá Vitores Silvas Tavares?
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