É o mais solitário, o mais esquivo,
o
mais sonhador dos animais,
o
unicórnio – a cadência dos versos
guiando-lhe
os passos. Alguns
dizem
tê-lo avistado ao crepúsculo
da
noite, aproximando-se apenas
de
raparigas e rapazes virgens
ainda.
Não sei de quem o tenha
acariciado.
Há os que pensam ser,
graças
ao corno desmesurado
e
afrontoso da sua virilidade,
encarnação
do demónio. Talvez por isso,
os
homens mal lhe pressentem o cheiro
atiçam-lhe
raivosos os seus cães.
Eugénio
de Andrade de Os Lugares do Lume em Poesia
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