Há
empresas que só fazem marcações através da aplicação da empresa.
E
se eu não tiver telemóvel?
Se
eu não souber o que é uma aplicação?
Se
eu não quiser que as empresas tenham o meu número de telefone, ou telemóvel ou
os meus dados pessoais?
A
automação de serviços elementares, a robotização de atendimento tomou conta do
nosso quotidiano.
Por
outro lado qualquer mensagem, seja do que for, avia-se rapidamente através de
um e-mail de um SNS, ou uma qualquer laracha deixada no facebook, no raio
que os parta a todos, porque tudo agora se despacha com um toma lá e não chateeis
mais, coisas que deixam um sabor frio e triste.
Já ninguém escreve a ninguém.
O Coronel de um romance do Gabriel Garcia Marquez esperava ansiosamente o dia
em que a data da reforma chegasse por carta, enquanto a mulher, aparvalhadamente,
o enchia de minudências:
-
Gostaria de plantar rosas,
disse.
-
Se quer plantar rosas, porque não planta?,
perguntou o Coronel.
-
Os porcos comem-nas
todos, disse a mulher.
- Óptimo, porco engordado com rosas deve ser muito bom, disse o Coronel.
As mulheres são mesmo o diabo.
O António Alçada Baptista contava que, sempre que a mulher se punha com
arrumações, lhe aparecia com listas telefónicas na mão que faço a isto, Alçada interrompia a leitura e murmurava: Olhe: dê aos pobres!
Já
ninguém escreve a ninguém.
Há
uma velha canção dos Box Tops: The
Letter.
Cansado dos dias solitários tenho que
regressar depressa a casa e nem posso ir de comboio rápido, terei que apanhar
um avião, não sei o que isso me vai custar, mas tenho de regressar a casa
porque a minha miúda, numa carta, diz que não pode viver sem mim.
Já agora, a propósito, ou a despropósito, fiquem-se com uma história, lida já
não sabe onde, ou contada já não sabe por quem:
Durante as actividades num campo de férias, o monitor perguntou à rapaziada,
como preferiam receber, de um amigo distante, o convite para um encontro.
Dividiram-se as opiniões, uns disseram logo que seria por e-mail, outros por
SMS, mas uma moça disse:
- Preferia receber por carta.
Sentiu os olhares de espanto – por carta? - e em voz lenta, mas clara,
explicou:
Porque uma carta dá mais trabalho a escrever e ainda é preciso comprar um selo,
metê-la no correio. E depois, se for verdadeiramente meu amigo, ainda me vai
mandar qualquer coisa a acompanhar: uma pétala de flor, uma qualquer
ilustração...
1 comentário:
Que lhes interessa que não tenhas telemóvel, que lhes interessa que não saibas o que é uma aplicação, que lhes interessa que não saibas ir ao site, eles querem é engordar mesmo que isso equivala a que tu vás definhando até ao esqueleto, são os (eternos) vampiros agora vestidos de democratas...
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