O Diário de Notícias, em reportagem sobre os resultados das eleições de 30 de Janeiro, foi até Baleizão, terra de Catarina, tentar saber o que pensam alguns habitantes sobre os tempos que por ali se vivem.
Uma das
perguntas girava à volta do que havia a dizer sobre os votos, antes
comunistas, e agora espalhados por aqui e por ali.
A resposta foi
simples, que os velhos vão morrendo e os jovens que agora votam nunca passaram
fome.
Albert Camus:
«Eu não aprendi a liberdade em Marx. É verdade: aprendia-a na miséria.»
1.
Vamos esperando pelo novo governo, mas tempo ainda de
saber de coisas não muito antigas.
Apesar do voto contra do Parlamento, no final de 2020, o
Ministro das Finanças encontrou um subterfúgio para injectar 317 milhões de
euros no Novo Banco ao longo deste ano que está a findar.
2.
Uma frase de Gonçalo M. Tavares no final de uma sua
crónica no Expresso:
3.
Ontem foi tempo de
colocar por aqui a capa de um livro de António Osório, uma antologia de poemas
feita por Eduardo Lourenço, há muito cá pela casa, e que já devia ter sido
revelada.
Sobre este poeta, um tanto ou quanto pouco divulgado, escreveu Joaquim Manuel Magalhães:
Ainda não sei bem como falar de bom-gosto, depois de esse conceito ter sido a
base de todo o discurso reaccionário tentando opor-se aos impulsos da arte
ligada às efectivas vanguardas de entre as duas guerras. Há, por um lado, todo
o peso dessa tradição do desmando, da escrita em abismo, cuja fulguração
atravessa o nosso século literário. Ela tornou a palavra bom-gosto uma espécie
de visco na boca dos académicos e das delicodoces almas dadas aos encontros
devaneantes. Mas também ela, por outro lado, mesmo nas suas propostas de mais
catastrófica vocação, vive de uma tensão, de uma escolha de um tecido de
relações, de uma busca do menos gasto pelo tempo que são algo a que a expressão
bom-gosto, num desígnio renovado, se poderia aplicar. O bom-gosto não como um
padrão, mas como uma chegada. Não como um código, mas como uma disponibilidade.
Não um enregelamento, mas o modo mais fulgurante por onde a superação se
efectiva e sobrepõe ao dessoramento dos estilos, assumindo esta palavra em vez
daquela, esta construção em vez da outra: enfim, uma obstinação em não
chafurdar no lugar-comum dos outros. Mesmo que defendendo a ironia de expressar
o lugar-comum do tempo, que pelo menos essa ironia o torne um lugar-comum
apenas seu. É isto que subentendo ao tentar usar “bom-gosto” para definir a
contenção da escrita de António Osório.
Bom-gosto que é, neste caso, rasura verbal, rejeição, visível trabalho da
escolha, acertamento dos ritmos, ausência de monotonia vocabular. Esta ausência
de repetições excessivas de palavras, que não deixam de se tornar
obsessivamente inúteis em muitos dos nossos mais aceites poetas contemporâneos,
revela uma imaginação verbal notável, sobretudo se tivermos em conta a extensão
do volume que estamos a referir.»
4.
Quase mil médicos de
família vão atingir este ano a idade da reforma.
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