Em alguns filmes, Jorge Silva Melo chorava que nem uma Madalena.
Deixou escrito que no
2º Balcão do S. Luiz chorou com Chá e
Simpatia de Minelli.
Ao ver, ao rever,
vezes sem conta, O Vale Era Verde de
John Ford, chorava.
Acabava de ver os filmes e um mundo de lágrimas envolvia-lhe os sentidos.
«Mas vê-se sempre O Vale era Verde, de maneira diferente porque de todas as vezes se chora de maneira diferente. Já ao ver este filme, chorei infâncias perdidas, quando mais para aí me dá o sentimento; ou a morte dos pais; ou a miséria da mina, ventre infernal do capitalismo; ou a honra dos trabalhadores; ou a coragem das mães; ou as refeições em silêncio; ou o casamento da irmã; ou as longas doenças da infância com os primeiros romances lidos na cama; ou a chegada da Primavera, ou o cheiro a sabão azul e branco, o acreditar que “um homem não chora”, o acreditar no silêncio dos homens e na determinação das mulheres, na honra, no valor do trabalho, no fluir inexorável da vida, na impossibilidade do regresso, na consciência da luta. E também nos aventais brancos, nas grandes almofadas, no banho na celha, na água a ferver...»
Sobre O Vale Era Verde escreveu João Bénard da Costa:
«Não há filme que me faça mais saudades.»
Sem comentários:
Enviar um comentário