Manuel António Pina e as suas inseparáveis cigarrilhas.
Continuo com a leitura, lenta e saborosa, da biografia de Manuel António Pina, «Para Quê Tudo Isto?», escrita por Álvaro Magalhães.
«Uma vez, com o
carro também cheio de amigos, queixou-se do nevoeiro, que não o deixava ver a estrada.
«Não está nevoeiro, é o fumo aqui dentro», explicou Germano Silva, que ia ao lado
dele. O Honda verde cheirava tanto a tabaco que ele o mandava lavar na véspera
dos encontros com o poeta Eugénio de Andrade, que detestava esse cheiro.»
Quando apagaram os cigarros icónicos de livros e filmes,
numa crónica, o Pina denunciou que tinham tirado o cachimbo a Tati, o charuto a Groucho
Marx, o cigarro a Humphrey Bogart, a boquilha a Marlene Dietrich.
Também lhe tocou a ele o estalinismo antitabagista.
Na
crónica que, quinzenalmente, publicava na revista Notícias Magazine, da
fotografia que ilustrava a crónica, tiraram-lhe a cigarrilha que exibia entre
os dedos.
Seis anos após a sua morte, numas
jornadas dedicadas à sua obra, «Desimaginar o Mundo», o irmão de Manuel António
Pina também queria que retirassem a cigarrilha da fotografia do cartaz que
publicitava o evento.
«Ana, a filha mais nova de Pina, insistiu para que a mantivessem e fez bem. Não estivesse ali a cigarrilha e como poderíamos nós ter a certeza de que ele era ele.»
Legenda: cartaz de «Desimaginar
o Mundo», Porto de 16 a 21 de Novembro de 2018.
1 comentário:
Nunca vi o MAPina (só o li) mas foi uma pessoa de quem sempre gostei muito, um ser humano que sempre me fascinou, uma boa pessoa, daquelas que tornam o mundo belo e melhor.
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