terça-feira, 8 de março de 2022

SEM VÍCIOS A VIDA É UMA CHATICE!


 Manuel António Pina e as suas inseparáveis cigarrilhas.

Continuo com a leitura, lenta e saborosa, da biografia de Manuel António Pina, «Para Quê Tudo Isto?», escrita por Álvaro Magalhães.

«Uma vez, com o carro também cheio de amigos, queixou-se do nevoeiro, que não o deixava ver a estrada. «Não está nevoeiro, é o fumo aqui dentro», explicou Germano Silva, que ia ao lado dele. O Honda verde cheirava tanto a tabaco que ele o mandava lavar na véspera dos encontros com o poeta Eugénio de Andrade, que detestava esse cheiro.»

Quando apagaram os cigarros icónicos de livros e filmes, numa crónica, o Pina denunciou que tinham tirado o cachimbo a Tati, o charuto a Groucho Marx, o cigarro a Humphrey Bogart, a boquilha a Marlene Dietrich.

Também lhe tocou a ele o estalinismo antitabagista. 

Na crónica que, quinzenalmente, publicava na revista Notícias Magazine, da fotografia que ilustrava a crónica, tiraram-lhe a cigarrilha que exibia entre os dedos.

Seis anos após a sua morte, numas jornadas dedicadas à sua obra, «Desimaginar o Mundo», o irmão de Manuel António Pina também queria que retirassem a cigarrilha da fotografia do cartaz que publicitava o evento.

«Ana, a filha mais nova de Pina, insistiu para que a mantivessem e fez bem. Não estivesse ali a cigarrilha e como poderíamos nós ter a certeza de que ele era ele.»

Legenda: cartaz de «Desimaginar o Mundo», Porto de 16 a 21 de Novembro de 2018.

1 comentário:

Seve disse...

Nunca vi o MAPina (só o li) mas foi uma pessoa de quem sempre gostei muito, um ser humano que sempre me fascinou, uma boa pessoa, daquelas que tornam o mundo belo e melhor.