quinta-feira, 17 de outubro de 2013

BALADA DE HOLLIS BROWN


Hollis Brown
Vivia no subúrbio da cidade
Hollis Brown
Vivia ni subúrbio da cidade
Com a mulher e cinco filhos
E a barraca a cair

Procuraste trabalho e dinheiro
E percorreste um caminho agreste
Procuraste trabalho e dinheiro
E percorreste um caminho agreste
Os teus filhos têm tanta fome
Que nem sabem sorrir

Os olhos dos teus filhos parecem enlouquecidos
Estão a puxar-te pela manga
Os olhos dos teus filhos parecem enlouquecidos
Estão a puxar-te pela manga
Andas para lá e para cá no soalho e perguntas-te porquê
A cada suspiro que dás

As ratazanas ficam-te com a farinha
A moléstia apanhou-te a égua
Se houver alguém que saiba
Haverá alguém que se importe?

Rogaste ao Senhor
Oh por favor que te enviasse um amigo
Os teus bolsos vazios dizem-te
Que não tens amigo algum

Os teus filhinhos choram mais alto
Isso martela-te o cérebro
Os teus filhinhos
Choram mais alto
Isso martela-te o cérebro
Os gritos da tua mulher apunhalam-te
Como a suja chuva torrencial

A tua relva enegrece
Não há água no teu poço
A tua relva enegrece
Não há água no teu poço
Gastaste o teu último dólar
Em sete balas de espingarda

Lá fora no descampado
Um frio coiote uiva
Lá fora no descampado
Um frio coiote uiva
Os teus olhos presos na espingarda
Pendurada na parede

O teu cérebro sangra
As tuas pernas parecem não se firmar
O teu cérebro sangra
As tuas pernas parecem não se firmar
Os teus olhos presos na espingarda
Que seguras na mão

Há sete brisas que sopram
Ao redor da porta da barraca
Há sete brisas que sopram
Ao redor da porta da barraca
Sete tiros ressoam
Como o bramido ritmado do mar

Há sete pessoas mortas
Numa quinta do South Dakota
Há sete pessoas mortas
Numa quinta do South Dakota
Algures lá ao longe
Sete pessoas novas nasceram

 Bob Dylan

Canção do álbum The Times They Are A-Changin (1964)


Bob Dylan em Canções Volume I (1962-1973) Relógio D’Água, Lisboa Setembro de 2006

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